quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

OAB/SE reúne vítimas do regime militar

Na próxima sexta-feira, dia 18, a OAB/SE promoverá um grande encontro com os sergipanos vítimas do regime militar com o objetivo de lembrar os 35 da Operação Cajueiro, uma ação militar deflagrada no dia 20 de fevereiro de 1976, que culminou com a prisão e tortura de vários sergipanos que combatiam o regime de exceção implantado no Brasil durante a ditadura militar.
Para marcar a data, a OAB/SE promove um grande encontro com os sergipanos que foram presos e torturados durante aquele período. O encontro acontece às 15h no auditório da OAB/SE, localizado à Travessa Martinho Garcez, 71, no Centro de Aracaju – prédio onde funcionou a sede administrativa da OAB/SE. Por designação do presidente da OAB/SE, Carlos Augusto Monteiro Nascimento, o encontro está sendo coordenado pelo ouvidor geral do Conselho Federal da OAB, Henri Clay Andrade, que já presidiu o Conselho Seccional da entidade em Sergipe.
Participarão deste ato público, várias personalidades que foram presas e torturadas durante a ditadura militar, muitas das quais já foram anistiadas com pedido de perdão do Estado feito por meio da Comissão Nacional de Anistia. Entre as vítimas do regime militar estão o ex-ativista sindical Milton Coelho, que perdeu a visão por força da tortura a que foi submetido quando preso, os advogados Wellington Mangueira, Zelita Correia e Carlos Alberto Menezes (este último ficou com 40% da visão comprometida por força da tortura a que foi submetido durante o período em que esteve sob a custódio do Estado enquanto preso político), o ex-vereador Antonio Gois – o Goisinho, o promotor de justiça Elias Pinho, o ex-vereador Marcélio Bonfim, o vice-governador Jackson Barreto, o secretário de justiça Benedito Figueiredo, entre tantos outros personagens que estiveram imbuídos na luta contra o regime linha dura no Brasil.
O presidente da OAB/SE, Carlos Augusto Monteiro Nascimento, explica que a entidade marcada pelo compromisso com a redemocratização do país não poderia esquecer os efeitos do regime militar, que se caracteriza como um dos piores marcos da história brasileira, período em que centenas de brasileiros foram mortos e tantas outras centenas de pessoas sobreviveram com sequelas, devido às torturas física e psicológicas a que foram submetidas neste período. "Estamos promovendo este grande encontro com estas vítimas da ditadura militar para que fatos desta natureza não mais aconteçam e que o Brasil se firme enquanto estado democrático de direito", justifica o presidente da OAB/SE.
Além das vítimas do regime militar, o presidente da OAB/SE estende o convite a todos os advogados e demais cidadãos interessados a participar deste grande ato em defesa do estado democrático de direito. "É importante que todo cidadão participe deste evento para ter contato mais próximo com estas pessoas que arriscaram suas vidas em defesa da liberdade, em defesa dos direitos individuais e coletivos, em defesa da justiça social", enfatiza Carlos Augusto.
Operação Cajueiro
A Operação Cajueiro foi deflagrada numa sexta-feira, exatamente no dia 20 de fevereiro de 1976, momento em que o Coronel Oscar da Silva e outros oficiais da 6ª Região Militar, sediada em Salvador, instauraram Inquérito Policial Militar (IPM) e sequestraram ativistas, estudantes, trabalhadores e militantes políticos sergipanos que lutavam pela redemocratização e pelo fim da ditadura militar no Brasil.
Depois de sequestrados, as vítimas do regime militar foram levadas presas e algemadas para as dependências do quartel do 28º Batalhão de Caçadores, onde ocorreram as sessões de torturas físicas e psicológicas, com participação de unidades dos órgãos de segurança sediados em Sergipe.
Dias depois, a maioria dos presos políticos foi liberada, permanecendo no quartel Marcélio Bonfim Rocha, Milton Coelho de Carvalho, Carivaldo Lima Santos e Jackson de Sá Figueiredo. Estes passaram 50 dias no quartel, na condição de presos políticos.
Fonte: Ascom OAB/SE

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